Em um país católico e principalmente em um estado com valor religioso como Minas Gerais, o que não faltam são histórias que envolvem santos e milagres. Foi assim que Catas Altas da Noruega escreveu sua história no coração dos cristãos da cidade e da região com o “Milagre da santa que caiu do céu”. A cidade fica a 135km de Belo Horizonte, próximo a Conselheiro Lafaiete.
Sua população é de aproximadamente 3500 habitantes. Possui um clima agradável e em seu subsolo encontram-se minerais como alumínio e manganês. A economia tem predominância na pecuária, cultura de milho, feijão, arroz, café e cana-de-açúcar. Outro destaque da cidade é o artesanato em pedra sabão, os artesãos recebem encomendas de todo o Brasil.
Mas foi em 29 de julho de 1949, véspera da festa do padroeiro da cidade, São Gonçalo do Amarante, que aconteceu o Milagre de Nossa Senhora das Graças.
O pároco em exercício da cidade, padre Luiz Gonçalves Pinheiro, devoto de Nossa Senhora das Graças, se preparava para a festa do padroeiro e resolveu presentear e felicitar os fiéis com uma imagem da santa. Pediu a um motorista de jardineira (ônibus usado na época) que trouxesse sua encomenda quando retornasse de Conselheiro Lafaiete. Porém, ao voltar de viagem o homem se esquecera do pedido do padre.
Decepcionado e sem saber o que fazer restando apenas dois dias para a festa, o padre Luiz Gonçalves pediu à santa que o ajudasse a resolver tudo.
Por volta das 15 horas do mesmo dia 29, um avião da Companhia Itaú de Transportes Aéreos sobrevoava a cidade muito abaixo do normal e com velocidade também reduzida chamando a atenção de moradores; estes perceberam que algo caía do avião. Eram caixas e pacotes – “Parecia uma chuva de confeti”, diziam as pessoas que presenciaram o fato. Nos pacotes que foram arremessados do avião havia geladeiras, rádios, material cirúrgico, fardos de tecidos e caixotes com imagens de santos.
O avião havia partido do Rio de Janeiro às 14 horas com primeira escala programada para Belo Horizonte no aeroporto da Pampulha. Ao sobrevoar Catas Altas da Noruega percebeu-se falha em um dos motores e para aliviar o peso e tentar chegar até a capital, os pilotos decidiram jogar fora parte da carga destinada a Belém do Pará e avaliada em 750 mil cruzeiros.
Há 6 km do centro da cidade de Catas Altas, no povoado de Lage, os lavradores Geraldo das Neves e Antônio Lourenço encontraram um caixote partido ao meio e com uma imagem intacta no interior que mesmo com a queda não teve nenhum sinal de destruição. Era uma imagem de Nossa Senhora das Graças exatamente igual à encomendada pelo pároco da cidade, o padre Luiz Gonçalves.
Assim como os demais objetivos que caíram do avião, a imagem ficou apreendida pelo delegado Reginaldo Petronilho de Queiroz até o dia seguinte, 30 de julho, quando chegou à cidade um caminhão com o Piloto Paulo para localizar e recolher os objetos.
O piloto informou que conseguiu o milagre de chegar ao aeroporto da Pampulha com os depósitos de gasolina completamente vazios. E quando soube que o padre queria a imagem, apressou-se em doá-la.
Da casa do delegado a imagem foi levada em festiva procissão à igreja matriz onde se encontra até hoje, atraindo milhares de fiéis todos os anos durante os dias de festa no mês de julho.
No local da queda da imagem, espalharam cascalho, e sem adubo lançaram sementes de arroz que nasceram com apenas 28 dias e em considerável quantidade. Este arroz, que o padre Luiz Gonçalves guardou a sete chaves e com muito respeito, já produziu, entre outros, um milagre na pessoa devota de Nossa senhora das Graças.
Esta pessoa estava desenganada pela medicina quando procurou um remédio para um tumor maligno, conseguiu a cura por intercessão da Virgem. Meses depois o médico que a atendeu, constatou que a paciente estava completamente sã e atribuiu a cura a um milagre mesmo.
(registros do Museu Antônio Perdigão)
Por Livia nascimento