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Capela Nossa Senhora do Carmo

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Histórias e mais histórias. Cada uma com seu lugar na memória de uma cidade mineira. Quem nunca ouviu um caso estranho sobre a cidade onde mora, e quis saber se é verdade? Algo sobrenatural, religioso, cientificamente assustador? Conselheiro Lafaiete é apenas mais uma cidade na Estrada Real cheia de mistérios a serem desvendados.

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Procissão saindo da Capela – década de 40
Foto: Museu e Arquivo Antônio Perdigão

Na atual praça Nossa Senhora do Carmo, bem na entrada na Rua Benjamim Constant, sentido bairro São João, havia uma capela dedicada a Nossa Senhora do Car
mo. Era uma capela humilde, mas muito bonita e freqüentada pela população que por perto residia, e pelos demais que passavam pela cidade. Mas o que se conta hoje é que a tal capela era mal assombrada. Fantasmas de pessoas mortas, santos que choram? Não. Talvez algo um pouco pior, ou curioso. Os mais antigos moradores da cidade contam que uma enorme serpente adormece debaixo da terra em toda a avenida. Sua cabeça está localizada exatamente embaixo da atual imagem de Nossa Senhora, na subida para o cemitério, e seu corpo segue até a praça Tiradentes. E quando a serpente acordar… Ah será uma destruição! Alguns padres mais antigos chegavam a rezar para que a serpente permanecesse dormindo e não fizesse nenhum mal à população Lafaietense.

Foto: Museu e Arquivo Antônio Perdigão

Paramos por aí? Ainda não. Haviam duas imagens de profetas no altar da capela, cada uma de um lado. Uma das estátuas apontava para o céu e outra para o chão. Conta a “lenda”, que quando se subia com um corpo para ser sepultado no cemitério Nossa Senhora da Conceição, o lado que se escolhesse subir, relacionado com o lado em que o profeta estava, dizia se o defunto iria para o céu ou para o inferno.
Ou seja, se o cortejo passasse pelo lado do profeta que apontava para cima, o defunto iria para o céu. Mas se passasse pelo que apontava para o chão. Bom, aí nem precisa dizer para onde ele iria.
Os profetas foram demolidos antes mesmo da destruição da capela,mas o que se ouve, é que eles não foram destruídos por causa da sua função um tanto quanto estranha na decisão do caminho do defunto, mas porque as imagens atraíam raios quando chovia forte na cidade. É, mas não deixemos de lado as comparações cada vez mais cabulosas que a população fazia entre raios e espíritos maus.

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Capela de N. Srs. do Carmo – 1934
Foto: Museu e Arquivo Antônio Perdigão

Outras pessoas contam que todos os santos que eram colocados nas outras igrejas da cidade desapareciam e logo eram encontrados na capelinha do Carmo. Mas quem fazia o transporte? A serpente, claro. Ela esperava todo mundo dormir e roubava as imagens das outras igrejas. Uma pessoa chegou a ver a serpente saindo da capela da cadeia, hoje Museu Antônio Perdigão, com uma imagem, e seguindo em direção à capela do Carmo. E quem era essa pessoa? Ninguém sabe.

            Aquele local era tão propício a fatos estranhos que o primeiro e único caso de enforcamento registrado na cidade foi na praça em frente à capela. Mas o padre mandou destruir a forca, pois ela atraía maus espíritos.

            E a serpente, o que aconteceu com ela? Alguns estudiosos da ciência contam que ela não passa de um rio que existiu há milhares de anos e está petrificado, e seu formato se assemelha a uma serpente. Até hoje, moradores da cidade contam que a região onde a capela ficava é mau assombrada. Mas este não foi o motivo pelo qual a capela foi destruída. Ela simplesmente estava no meio do caminho da rua que ligava o centro da cidade aos demais bairros que foram crescendo.

E você, mora onde? Mas não precisa se assustar. Como foi dito no início, o povo é que muitas vezes faz a memória da cidade permanecer e seguir por várias gerações. Por não possuírem nenhum registro formal para comprovar tais fatos, as pessoas continuam a tentar decifrar os mistérios de cada cidade através de conversas entre amigos.

Livia Nascimento