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Fazenda dos Macacos

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É possível comparar os grandiosos castelos medievais europeus que a princípio serviram de abrigo dos nobres e seus poderes com as belas fazendas de nossa região. Além da arquitetura, cada qual no seu estilo de época, ambos envolvem misteriosas histórias que são os atrativos de visitantes de todo o mundo.
Devido ao pouco êxito na descoberta do ouro, e a proximidade com grandes pólos mineradores como Ouro Preto e Mariana, nossa região de Conselheiro Lafaiete se destacou pelas inúmeras fazendas que serviam para abastecer a população mineradora. Foi dos casarões com inúmeros quartos e salas, altos portais e grossas colunas em pedra que nasceram os afamados “coronéis” de mão de ferro que juntamente à mão de obra escrava transformaram a região em um grande poló agricola.

Créditos: PMCL/Jose Carlos Vieira
Créditos: PMCL/Jose Carlos Vieira

A Fazenda dos Macacos situa-se dentro dos limites de Conselheiro Lafaiete (antiga Queluz de Minas). Está distante quatro quilômetros da estação de Buarque de Macedo e doze quilômetros da sede do município de Conselheiro Lafaiete sendo um exemplo da imponente construção colonial. Datada do século XVIII abrigou uma das importantes famílias queluzianas e da região: a família de Lafayette Rodrigues Pereira mais conhecido como o Conselheiro Lafaiete um dos mais prestigiados conselheiros do império.
Construída em pau a pique e com colunas de pedra a Fazenda dos Macacos possui dois pavimentos, duas varandas, grandes cômodos, balcões trabalhados em madeira e uma grande dispensa ao lado da cozinha. O casarão preserva a típica arquitetura colonial em formato “L” e janelas em arco demonstrando o requinte dos proprietários e sua importância na região.
Com as mudanças econômicas ocorridas no Brasil e o fim da escravidão várias destas fazendas foram abandonadas porém, não esquecidas, uma vez que, segundo vizinhos há mistérios que insistem em permanecer em tais construções.
Devido ao grande número de fazendas que ficaram como herança do ciclo do ouro de Minas Gerais, nossa região é famosa por diversos casos, contos, mistérios de almas penadas de escravos, tropeiros e coronéis, que devido aos maus tratos e a ganância em busca do ouro ganharam a missão de ficar assombrando os casarões das fazendas e seus porões, caminhos antigos, ruas e vielas das cidades centenárias.
A maioria dos moradores destas fazendas mineiras juram que acontecem situações misteriosas nas noites em que os terreiros das fazendas são iluminados pela lua.
Barulhos estranhos vindos do interior dos casarões muitas vezes abandonados, porteiras que batem nos moirões, sussurros e barulhos de correntes e botas são alguns dos relatos que há décadas assombram a população do campo sendo passada como uma tradição em forma de conselho aos mais novos, que criam inúmeras simpatias para evitar a tormenta.
Um destes casos é a famosa mãe do ouro que, alguns dos moradores que vivem ao redor da centenária fazenda dos macacos, juram ter visto.
Conta-se que em locais onde descobriram o famoso eldorado, aparece a noite, uma misteriosa luz brilhante que se destaca em meio a escuridão, e ao se mover, mostra o local que o ouro está.
Muitos já reviraram a terra em busca do metal brilhante que esta luz indica, entretanto a maioria prefere não entrar em detalhes, chegando mesmo a se benzer para não cair em nenhuma maldição, pois muitos acreditam que devido ao grande sofrimento da epóca, tal ouro pode trazer tragédias e desavenças.
Casos inúmeros há séculos estão cravados nas janelas coloniais. Volta e meia aparecem vultos nas antigas portas e nas grossas tábuas dos assoalhos que registram um tempo. Sons estranhos, principalmente nos contos de simples pessoas que, movidas pela crença ou até mesmo demonstrando certeza de que tais situações existem, vão passando a tradição de minas que a cada amanhecer nas montanhas das villas e fazendas. Verdade ou mentira, histórias como esta e muito mais como barulhos de correntes, açoites de chicotes, risos e passos arrastados pelos corredores fazem parte do cotidiano das centenárias fazendas e de seus moradores. E, cada vez mais, é grande o número de visitantes em busca de paisagens exuberantes, cultura e aventura através do chamado Turismo Rural que tem por objetivo preservar os casarões, suas histórias e tradições locais, abertas à visitação de turistas interessados a vivenciar o cotidiano e os inúmeros “causos” do interior de Minas Gerais.

A origem do nome “Fazenda dos Macacos” ainda é um mistério, mas várias versões são apontadas como a real; uma justificativa para o nome seria a presença de muitos macacos atraídos pelas frutas da Fazenda. Outra seria a grande quantidade de escravos presentes na fazenda, uma possibilidade é comentada pela escritora D. Marina Maria (neta de Lafayette), onde os portugueses eram chamados pejorativamente de macacos pelos brasileiros.

Enfim, tentaram em vão mudar  o nome da fazenda para Fazenda da Constituição, Fazenda Pouso Alegre, mas o tradicional Fazenda dos Macacos se manteve através dos tempos e permanece ainda hoje aguardando a real justificativa de seu nome.

A Fazenda dos Macacos é um grande patrimônio de nossa cidade Conselheiro Lafaiete que deve ser conhecida e preservada, pois é parte fundamental da nossa história.


Saiba Mais
A atual fachada da construção da Fazenda dos Macacos, as margens da BR 040 sentido Conselheiro Lafaiete – Barbacena, no período colonial era os fundos do casarão.

Segundo pesquisadores, o imperador Dom Pedro II em sua visita à Minas Gerais passou pela Fazenda.

As cores azul (nos portais) e branca (nas paredes), segundo pesquisadores, tiveram influência dos países árabes (cor branca) e uma forma de homenagear o império (cor azul). Outra simbologia da cor azul se dá pela tradição alemã em que os casarões eram pintados para dispersar as almas penadas.

O enterro do coronel
Em outra fazenda da região de Conselheiro Lafaiete conta-se que antes do coronel morrer, alguém muito imponente, com as celas de seu cavalo negro revestidas de prata, o visitou em uma noite de lua cheia na fazenda e após longa conversa sussurrada em uma das salas da casa grande, desapareceu.
Algum tempo depois este mesmo coronel morreu decorrente de um súbito mal.
Durante o enterro, ao carregarem a urna com o “corpo” as pessoas notaram que ela estava muito leve, tomadas pela curiosidade decidiram abrir para verificar e se surpreenderem com a visão de que no lugar do corpo do coronel estava uma folha de bananeira.

Atualmente a Fazenda dos Macacos encontra-se me processo de restauração por empresários sem previsão de reabertura.